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Entrevista com Dulce

 

As Palavras
Comecei fazendo poesias aos oitos anos Quando. eu tinha quinze anos apareceu um Festival de Música da Escola Normal. Dei a letra para um amigo e ele fez um sambinha gostoso, aqui vai a letra:Palavras sem sentido

Palavras, meras palavras,

Apenas sons insensíveis.

Frases tão vazias.

Nenhuma ajuda ou compreensão.

Tudo triste, tudo em vão,

Nenhuma palavra de carinho.

E a minha alma abatida,

Só pode contar comigo.

Não há mais amigo.

Só há falsidade que destrói,

Nem mais a verdade dói,

Não mais me dói.

Estou chegando ao  fim.

Não há mais lugar pra mim. Só vontade de magoar.

 

Há um vazio em minha mente,

Vazio que de repente começou,
E não quer terminar.
A cada momento,
Torna-se um sofrimento,
Viver assim.
E como vou poder resistir?Até quando vou fingir?

Como vou fugir?

A cada instante,

Eu me transformo.

Não vejo nada em minha frente.

Só vejo imagem,

Não vejo gente.

Não vejo nada que me console.

Só vejo um mundo,

Que está falido.

Só ouço palavras sem sentido.

Palavras, meras palavras,

Apenas sons insensíveis.

Frases tão vazias.

Nenhuma ajuda ou compreensão.

Tudo triste, tudo em vão,

Nenhuma palavra de carinho.

 

Não viramos nenhum Martinho da Vila, mas curtimos um bocado a preparação e o acontecimento. Pena que um livro não tenha som, senão seria muito gostoso não só ler a poesia, mas escutar a melodia. Nessa época, eu estava na fase da fossa, dá para ver pelo estilo da poesia
Agora, estou na fase da crítica e critico tudo, o governo, a escola, a mentalidade do povo, a minha língua, as outras línguas, além do mais, porque vivo aqui na Alemanha e depois de conhecer a língua deles, acho que fiquei meio pirada.
A gramática deles não é fácil, eles tem que sempre quando conjugar o verbo, colocar o pronome pessoal, assim para eles: Ich bin (eu sou) nicht dumm (não sou boba). Senão não pode.
Segundo, para eles existem três artigos, vê se pode, um para o masculino, outro para o feminino e um que não tem gênero definido. O pior que as palavras que são masculinas para nós, para eles são femininas, por exemplo: o Sol que para nós é o nosso astro rei, masculino, para eles é die Sonne (a Sol), a Lua nossa romântica cor de prata para eles é der Mond (o Lua), com isso me deixa cada dia mais confusa, por isso resolvi simplificar a língua deles, uma das razões que falo tão mal o alemão, não uso os artigos, primeiro que não sei quando é macho, fêmea ou sem gênero definido, este artigo que é o meio termo não “tá” nem para a direita, nem para a esquerda, está no meio, (das Kind, a criança ou das Bier, a cerveja), até concordo, pois a criança tanto pode ser masculina ou feminina e a cerveja serve para qualquer um, pois homens e mulheres podem beber.
Já fiz vários cursos, aprendi a gramática, mas não uso por ser muito complicada para o meu gosto. Resolvi deixar a língua deles bem mais prática.

 

Ruim mesmo é a formação das frases deles, quando o verbo é composto, o auxiliar fica depois do sujeito e o verbo principal no final da frase, uma loucura, eu sempre me esqueço de colocar o infeliz lá, depois de falar mil coisas como vou lembrar? Assim fica a frase deles: Ich habe das Zimmer, das Bad, die Küche, das Wohnzimmer, das Auto, die Lampe, die Tür, der Tisch, das Sofa und die Fenster geputzt. A tradução ao pé da letra: Eu tinha o quarto, o banheiro, a cozinha, a sala, o carro, os lustres, as portas, a mesa, o sofá e as janelas limpado.
Para mim, ele são pirados e querem me deixar biruta, não consigo fazer o que eles fazem, contar coisas e mais coisas botando verbo principal no final. Ponho depois do sujeito está pronto e acabado, senão esqueço que verbo eu queria colocar. O pior, há verbos que se separam, um pedaço fica no meio da frase e o outro no final da frase, uma loucura. Isso não é para deixar qualquer um que não saiba a língua “crazy” deles (maluco).
O substantivo dele também tem que ser com letra maiúscula, não só os nome próprios, como os comuns, isto é fácil para fazer análise morfológica das palavras, mas para quem não está acostumado, é uma tortura, quando você escreve: Der Hund (O cachorro) macht (faz) Pipi (xixi).Quer dizer que “o cachorro” e “xixi” tem que ter sempre letra grande, aguenta com isso!!!
O meu alemão, nada a ver com marido, companheiro, namorado ou amante, isto eu já tenho. Falo da língua que falo, o meu alemão falado. Ele é terrível, um verdadeiro caos. Aprendi a trancos e barrancos. Falo a língua deles, mas uso a nossa gramática portuguesa e acaba tudo que falo torto e desengonçado, mais parece o Nosso Pai Francisco saindo da roda.
Com os meus problemas hormonais, o da tiroide que me deixa burra até meio boba e o da menopausa, que me deixa esquecida quase com amnésia, eles querem um verdadeiro milagre, coisa que não consigo fazer comigo mesma, guardar todos os artigos deles (eles tem três: der que quer dizer “o”, die que quer dizer “a” e das que é neutro (não é masculino, nem feminino), tenho que me esforçar pra não esquecer de colocar o verbo no final da frase.
Ano passado, descobri que conseguia ler a língua deles, isso para mim foi uma surpresa, ler e entender. Escrever não me atrevo, pois em cada palavra, escrevo pelo menos três letras falsas, fico radiante quando consigo escrever algo certo. A minha filha vive me corrigindo, ainda bem, e morre de rir com a minha troca de letras. Outro dia, numa palavra de seis letras, quatro estavam erradas, assim acho melhor não escrever. Será que algum dia vou conseguir falar e escrever esta bendita língua? Os alemães aprendem muito facilmente qualquer língua, mas também, com a língua que eles têm, qualquer uma é facílima.
A escola deles é super arcaica, eles ainda aprendem latim (talvez por eles adorarem cachorro) no ginásio e também o grego, mas não o moderno, o do tempo da antiga Grécia, são totalmente fora da realidade do mundo atual, se dá na escola informática, mas se exigem coisas que estão mortas, enterradas e em desuso.

 

Gostaria de falar pelo menos razoável, escrever sem tantos erros, entender, entendo até bem demais, gostaria de não entender, pois às vezes me dá raiva porque entendo tanto.
Invento palavras, que não são novas e sim, dou outro significado, por exemplo: para mim o secador de cabelo esta super errado, você não pendura o cabelo para secar, aqui em casa mudamos o nome para aspirador de cabelo, na verdade, não é o significado correto, pois o aparelho não aspira nada, o ideal seria ventilador de cabelo, pois venta e com isso seca o cabelo. Para mim, sapato de dormir é chinelo, chinelo é um nome que não tem nada a ver com a função, a minha ideia também não está tão errada, assim pois, coloco o sapato para que o pé possa descansar, isto é, para ele relaxar ou talvez seria melhor o nome “sapato de repousar”. Casaco, outro dia chamei de cobertor, mas, na verdade, o casaco daqui é um cobertor e bicicleta mudei o nome para carro. Munique, é uma cidade cheia de ciclovias e você pode transformar a sua bicicleta num verdadeiro carro e andar a cidade toda, sem gastar gasolina, além de fazer exercício.
Os alemães juntam palavras para formar outras e eu sempre troco os lugares delas, para mim tanto faz como tanto fez, aí fica o caos: Tagesmutter (babá) por Muttertag (Dia das Mães), Stadtwerke (usina de eletricidade) por Werkstadt (oficina mecânica) Mauswolle (lã de rato) por Wollmaus (cotão que dá debaixo da cama quando fica uma semana sem varrer), Vismur isto é Vinzenzmurr (um dos mais famosos açougues daqui) não sei quando vou aprender direito os lugares deles.Acho também que poderíamos fazer uma língua. Usarmos palavras de outras línguas como uma salada mista. Por que não? Eu acho lindíssimo “ I love you”, é muito melhor do que “Eu te amo” ou “Je t`me”.O “Yes” é um sim melhor dito e “No” é um não simplificado. Para mim, água tinha que ser “Mizu” em japonês, palavra bem sonora. Bom dia poderia ser “Orayo” em japonês ou “Calamera” em grego. Adeus seria sempre, “Ciao Bella!” nada melhor como também nas comidas que o italiano: “Spaghetti, Carbonara, Bolognese, Pizza, Vino Rosso, Vino Bianco” e etc..
Obrigada por que não “Merci”?, diz tudo. E “de nada” seria “prego” palavra italiana que você martela só de uma vez. Tem duas palavras que eu amo em alemão uma é Spaß. Significa ter prazer não existe em português com a mesma entoação. Das macht Spaß! (Isto dá prazer!), como também schmerze; schmeeeeeeeeeeerze (dóiiiiiiiiii), é uma palavra que realmente a dor dói enquanto se fala e dói tanto que dói até a alma.
Já se usam frases que ficaram conhecidas, “Hasta la vista, baby!” (“Até logo gostosa!”) do Schwaeznegger, ficou dita e badalada. Aqui em casa, a minha gata se chama Xuxa, mas acho que ela pensa que o nome dela é “Sai daí!”, simples prá- tica e eficiente.
E saudade, palavra portuguesa que não existe em outra língua, saudade dói, saudade a gente sente falta e saudade a gente quer fica perto, não é o mesmo que “Ich vermiße dich.” Quando eu digo «Eu tenho saudades de você». Dizemos tudo, não há mais nada a dizer.
Espero que voce goste dos meus texto e poesias.
Um grande abraco muitos beijinhos para ser feliz.
Muitíssimo obrigada, voce é uma pessoa com tantos dons.
Dulce

 

 

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A.J. Cardiais

Gostamos muito de conhecer um pouco de vc. Seja bem vinda

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A.J. CardiaisDulce Regina Magnani

Realmente o alemão não é fácil.

Eu criei um blog alemão. Nunca consegui usar porque ele não aceita minha senha.

Não consigo, após insistir e insistir deletar o blog. Eu preciso da senha.

Quem sabe você poderia por uma senha que eles validassem para mim?

Aff! Obrigada.

https://www.dreamies.de

 

Também gostei de conhecer um pouquinho de você, Dulce.

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admin

Creio ser dificil essa lingua, mas tendo essa boa vontade e inspiração consegues tirar bom proveito e fazer teu estilo.

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